sábado, 24 de outubro de 2009

"Peek a Boo...how's you?

Chiuu... agora é tempo de calar.

"Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas (...)
Mas, afinal só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas (...)."

Álvaro de Campos

Sim, é verdade...passei-me! Porém dás-me um abraço e já está...eu continuo a amar-te com as tuas regras espaciais. Como digo, é tempo de calar-me neste tédio e controlar a ansiedade...reflectir é bom! Agora é altura de estar comigo...só! viva eu foda-se!
Estava a cair... a cair não sei para onde. Sei que não era para o meu chão. uma vez disseste-me que se caísse, seguravas-me a mão ... se a esticaste, não a vi! Hoje estou bem melhor...será por causa dos comprimidos? Duvido. É pela distância programada e assumida a dois.
Confesso que por mim não existiam kilometros. Se avanço em demasia é porque não consigo conter-me...levo um estalo verde. Que bom estalo! Abro a pestana, ganho saúde e afasto-me. Como vês... dou-te todo o espaço. Aliás, agora o jogo é o da minha independência.
Cor: Duas pessoas a sorrirem, não é só uma!
A água lava muitos pensamentos e traz lucidez ao "embriismo" arrastado. É impressionante como um banho de imersão apaga tantos macacos. Sim, é verdade que sinto falta do samba e do fazer amor de madrugada. Qual madrugada? Nunca sei as horas quando me envolvo nos teus braços, contudo agora estou longe...lembras-te? Agora fico com receio da secura e do calculismo que poderá apoderar-se das minhas sinestesias. Porém tenho de pensar que sou bom... e sou! talvez seja presunção ou falta de humildade não sei... sei que tenho de me dar valor de forma a sentir-me seguro. Tu não me dás essa segurança...eu, eu, eu é que tenho de a procurar!
(eu não gosto de procurar emoções, vou fazer esse esforço). É como digo, eu estou comigo e assim tenho de o ser. Não posso ser tu, sendo eu! Aceitas-me como sou?...também não importa...eu é que tenho de me aceitar! Exactamente...trago comigo a melhor coisa do mundo: um sorriso da cor do arco-íris.
Tu também o tens e eu adoro-o. Mas, dás-me mais...que bom! Dás-me os teus espelhosos olhos verdes onde mergulho em lágrimas contidas; dás-me a tua intensa chuva azul onde me constipo intemporalmente, e, vais revelando aos poucos o teu céu escuro que adquire equilibrio com uma pálida e suave pele. É nesta pele que quero ejacular perfumes do meu eu de forma a conseguir marcá-la com um simples toque. Ai que bebedeiras azuis e já verdes.!
Onde estão as tuas surpresas? no teu silêncio... espero por um sinal, igual a esses que tens nas costas.... se o copo não vier, o vinho cobre-se com uma rolha e assenta, até ser bebido por quem o venere. E está tudo dito... a retracção vai predominar em mim, tal como vou esconder a minha copofonia. Eh pá! quero ser...só! Quero estar! Já deslizei as mãos sobre o rosto e lembrei-me de mim... tudo fica mais calmo. Cada um tem o seu tempo...relaxo! Lucido e ágil comprometo-me comigo ao estar contigo... a verdade total tem de emergir... é este o meu drama: Eu sou sincero. Contudo estou calmo. Feliz? Sinceramente não sei. Sei que tenho a memória de nada acontecer por acaso...eu estou em ti, queres-me?Deixas-me cantar em redor do teu verde? ...quero descobrir no bolso um sapo e o teu retrato para ser um astronauta sem gravidade. Quero brincar e erotizar as tuas estrelas. E porque não, embebedar os teus anjos? Dá-me o teu abraço com pernas, braços, língua, olhos, peito e ventre. Dá-me o teu abraço! Desejo-te como nada desejei...anseio olhar-te por longos instantes e depois quero tingir o teu quarto com o nosso odor. Quero tantas coisas que já tive, ou sonhei que as tive...sim, é um problema meu. Eu confundo o irreal com o real...amas-me ...?
Eu agora não sei dizer. Há coisas que só sei quando estou ao teu lado, que descubro em mim e que me fazem alucinar e saltar a fogueira em coreografias cinéticas. Apetece-me dançar contigo. Deslumbrar-te com sentimentos à rapidez de uma chita! Quero correr no teu corpo e sentir que me sentes em ti.

(end of part one)

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